domingo, 11 de abril de 2010

Orto Graphia

Não mais argüo minhas idéias. Arguo ditongos crescentes desacentuados. Testo o texto e o contexto, minha única forma de apoio, pois não mais apóio contra-sensos. Contranceno com “apôios” e “apóios”, fundo-os e confundo-os sem sabê-los pronunciar.

Rebaixo o heroico e o epopeico, pois o Épico não mais é digno de minha acentuação.
Diferencio preconceitos de pré-conceitos, questões prejudiciais de pré-judiciais, reconhecendo sua independência semântica, de forma quase romântica.

Com enjoo, desacentuo hiatos duplicados e faço estranhos prolongamentos vocálicos, como se estes fossem substituir o circunflexo dos que leem mas não crêem, releem e não vêem. Não perdoo, vou contra as regras porque contrarregra já é demais. E desarmado observo a não-auto-aplicabilidade de minha lingua se transformar em autoaplicação.

Mas diante de tanto autoritarismo, negando às palavras sua própria auto-determinação, aproximo-as. Autoaplico, extrarregulo, macrossistematizo. Des-hifenizo e avizinho nossas palavras, da mesma forma que aproximo brasileiros, portugueses, angolanos, e os outros lusófonos. Tudo em uma folha de papel ou em uma página virtual do blogger.


Devo dizer, antepositivo sem hífen é show!

2 comentários:

  1. ou-ho-ho!
    rapaz, fizestes um negócio muito bonito aqui hein.
    putz, é dificil de encontrar um trabalho de linguagem tão criativo assim.
    sério, gostei mesmo. muito bom.

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  2. Hífen onde não tem e não-hífen onde tem é o máximo!
    Engraçado, temos algos em comum, mas somos tão distantes ao mesmo tempo!
    Um abraço!
    Inês.

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