O tímido se apega ao momento, na verdade, agarra-o como sua única salvação. Reflete, cogita, medita, calcula, é prudente e sensato, calcula novamente, e quando finalmente chega a uma conclusão, o momento já é pretérito mais que perfeito.
O tímido participa com os cinco sentidos. Seus olhos acompanham o embate de paixões. Seus ouvidos ouvem as palavras como escutam as melodias de Chopin. Enquanto fareja, investiga e racionaliza cada momento, saboreia e digere seus pensamentos, e por fim tateia as respostas dentro do turbilhão de suas próprias paixões.
O tímido vive sozinho em meio a uma multidão, no sossego de seus pensamentos. Não há lugar mais privado que seu introspecto. Ele se preocupa com a impressão que causa, prefere não causar impressão alguma a causar uma que o denigra. Não expõe ou emposta, mas faz um juízo hipotético de como seria se o fizesse. Seria o juiz por excelência se falasse. Assimila, avalia, pondera. Mas o tímido não expõe seu julgado, por isso se cala, se resigna, anui.
A verdade é que ele é o senhor de suas paixões, discorda, retruca, objeta, assente, aprova - tudo na privacidade de sua mente - e enquanto aguarda, se guarda; enquanto espera, se desespera. O tímido sofre sempre que perde uma oportunidade ou abre mão de uma convicção, se flagela, açoita, definha. O preço que paga por ser tímido é a impotência de saber que a cada dia morre lentamente.
Caralho.
ResponderExcluirFoda.
putz...
num sei nem por onde começar
Bom, já li alguns textos que abordam esse tema da timidez. diria até q é um tema batido. Mas na verdade, o problema não é o tema ser batido, e sim a abordagem q se faz do tema. é isso que faz a diferença. é o caso deste seu texto aqui.
simplesmente muito bom.